Além das roupas com estamparia militar que invadiram às ruas, meus ouvidos estão mais atentos quando a palavra é… Exército.

Passo todos os dias em frente ao Hospital Militar. Se antes era apenas um prédio no meio do meu caminho, hoje torço para o sinaleiro fechar para dar aquela espiadinha do entra e sai dos soldados na portaria.

Até o cabelo curto, estilo escovinha, e o andar mais empertigado, quase trotando que é característico dos que estão mais tempo no círculo militar, também causam minha curiosidade.

Lembrando uma frase do sargento, la no inicio da seleção: “olhar para os lados faz parte da curiosidade do universo feminino”. Sendo assim, sou ultra mega curiosa.

Os ouvidos também estão atentos,- sempre atrai confusões e bons relatos com a profissão de jornalista- , e estou à flor da pele as histórias.

Tenho ouvido de tudo um pouco, aqui e acolá, quem está na reserva e quem ainda integra à frente. A roupa nem sempre atrai bons olhares, o que me causa surpresa. Se não é de bom tom estar no Exército – por diversos motivos que não vou discutir ou polemizar aqui – por que tantos insistem em se vestir no estilo militar mesmo sendo civis? Digo e repito, ser humano é um objeto de estudo muito interessante.

No entanto, nesse primeiro momento meu interesse tem sido ouvir dicas para sobreviver ao desconhecido – minha apreensão e curiosidade, na maior parte do tempo.

E o universo conspira. Ouvi de uma amiga a historia de uma mãe que, quando o filho esteve no Exército, levava bolo seguidamente para os superiores. Uma forma de socializar e manter as boas relações.

O senhor da reserva que encontrou o Bruno no ônibus e disse que aquele menino “tinha jeito de militar”. E contou que a paixão do Bruno pela Engenharia da Computação era sua profissão desde muito. O Bruno esta saindo parecido comigo.

Outro dia, encontrei uma vizinha no mercado. Contou-me do orgulho de uma amiga que o filho tinha decidido seguir carreira.

E bem mais próximo, descobri que o filho de uma prima, também com o nome Bruno, ingressou no mesmo período do meu Bruno. Só que no quartel, em Porto Alegre. Trocamos “lágrimas” na época do internamento.

Mas, o mais constante tem sido a conversa quase que diária com o Dereck, 17 anos, que se prepara fisicamente para os testes do alistamento. É agora, dia 23 de abril.

Nossa primeira conversa foi no início de março e, desde la, venho dando dicas e contanto as experiências do Bruno. Bem coisa de “tia chata”.

Mas cada fato novo partilhado, os olhos do meu novo amiguinho brilham. O que há mais de um ano, nem fazia parte do seu pensamento, diz ele que agora, virou desejo.