Quem passou pela Rua Marechal Floriano Peixoto, nº 9190, na manhã da última sexta-feira, dia 26 de abril, não deixou de reparar em uma jovem, encostada no muro, com uma única rosa na mão. Chamou a atenção dos motoristas; chamou a atenção de pais e familiares que chegavam ao quartel do Boqueirão.
Tínhamos um evento marcado para a entrega da #Boina Preta aos soldados que haviam passado os últimos quatro dias no campo de treinamento. Mas, a formatura foi adiada para o dia 11 de maio, véspera do dia das Mães, e os soldados iriam ser liberados sabe-se lá em que momento. Eram 9 horas da manhã, e a menina de preto com a rosa vermelha e uma sacolinha amarela continuava à espera. Anônima e resignada.
Teve mãe que chegou e foi embora. Frustrada, cabisbaixa. Teve mãe e pai que ficaram, e um pequeno grupo se formou na porta do quartel. Cada soldado que saía, a mesma pergunta: “Sabe quando os soldados do grupamento tal vão sair?”, a expectativa era quase que palpável. Estalava no ar. “Não sei, nem chegaram ainda. Só depois das duas horas” era a] resposta que mais se ouviu naqueles primeiros momentos.
Em torno de 10 pessoas insistiram em permanecer à espera de uma resposta que queriam ouvir: “fiquem tranquilos. Eles logo estarão saindo”. Em meio ao vai e vem da busca de notícias, mantinha-se ereta a jovem da rosa vermelha.

Venci a curiosidade e fui perguntar o que todos queriam saber. “Você é a namorada de qual soldado?” E a resposta para mim foi a das mais doces ao saber que era a namorada do soldado 725, Daniel Stanizke, da 3.ª Bateria. Ele e o Bruno viraram amigos de fardas nestes últimos 52 dias de permanência no quartel. E se já me sentia mãe de muitos dos soldados que nem sabia do nome, daquele em especial, tinha um carinho maior por conhecer um pouquinho da história.
E que história para um jovem de 18 anos. Convencemos a namorada dele a ir conosco ao uma panificadora próxima. A primeira reação foi dizer “não, vou esperar aqui porque eles podem sair”. Ela e a rosa vermelha.
Mas, diante de tanta insistência, sol forte e calor, foi. E pouco ou quase nada soubemos daquela menina. Mas, sabe-se lá por qual motivo, o rostinho me encantou. Era de Antonina, igual o Daniel, e tinha vindo com ele desde que o namorado ingressara no quartel. Cidade nova, vida nova.
Sabia parte de uma história de desejo em ingressar no Exército Brasileiro, custe o que custasse. E que custo! Na cidade que Daniel nasceu não é possível cumprir o serviço militar, então vir para Curitiba não era somente opção, era uma certeza. Durante os dias que se seguiram às etapas de seleção, Daniel e Flávia percorreram de ônibus mais de 87 quilômetros.
E deu certo. Atualmente, o soldado 725 é um dos 55 homens que ficaram e integram a 3.ª Bateria do 5.° GAC AP Grupo Salomão da Rocha, com muito orgulho. Quer seguir carreira e, pelo jeito, vai se dar bem. Não à toa foi o escolhido para ser o xerife no último dia do treinamento de campo e ficou com a pior missão. Em pouco tempo, era preciso desativar uma bomba que estava dentro de um caixote. Mas isso é história para o outro dia!
E voltando a primeira parte da narrativa, não tinha quem não estivesse curioso: “quem vai aguentar mais, a rosa ou a Flávia?” O calor abafado apontava um dia longo e nada fácil, prenúncio das sete horas de espera até chegar aos braços dos nossos homens – namorados e filhos – e, finalmente, a entrega da rosa que venceu o calor. A rosa foi entregue e virou um trofeu da resistência. Tudo por amor.
Que Historia quanto orgulho em saber que essa menina é minha irmã, a bichinha ê teimosa mesmo…
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fico feliz de saber disso, Marcela. Criei um carinho especial pelo casal. obrigada por acompanhar o blog.
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