
Hoje acordei com dois sentimentos que me fizeram refletir. A dificuldade que temos em nos despedir e o valor da gratidão. Duas sensações completamente opostas, mas que de alguma forma se encontram em algum lugar da trajetória da vida. Ainda mais quando se é mãe.
Nos despedimos todos os dias, e muitas vezes sem nem pensar. Nós despedimos de amigos que vão; de amigos que ficam mas passam a não ter mais o mesmo significado; nós despedimos de coisas que vamos deixando para trás; nós despedimos de sentimentos que não fazem mais parte da nossa vida; nós despedimos de situações que já não nos valem mais ou de coisas boas e que deixarão saudades. E nós despedimos dos filhos com a certeza de que voltam.
Já chorei muitas vezes lendo livros porque foi preciso me despedir de personagens. A Cabana, de William Paul Young, foi um deles. Na época, voltava de ônibus para casa e aproveitava esse tempo – sentada ou em pé – para ler. Cheguei a soluçar. Mas o legal é que quando me olhavam e viam a capa do livro, sempre tinha um sorrisinho como dizendo “ah, eu te entendo”.
Um parênteses. A história não foi escrita para virar filme e nem livro. Era apenas um presente para os filhos de Young que deveria ser entregue no Natal de 2007. Mas, a leitura por amigos, familiares e amigos criou tanta empatia que o incentivo para publicar, levou o autor a procurar as editoras. E o resto, todo mundo sabe o sucesso que fez.
Lembrei de uma das mensagens hoje, entre as tantas. Toda uma escolha tem uma consequência. Isso é fato. E aquele que não imagina que essa máxima não é “só para inglês ver”, só tende a padecer. Sim, certo ou errado, nossos atos trarão um resultado. Na história do enredo, podemos refletir que muitos dos sofrimentos são originárias de decisões. Precipitadas, teimosas. “Não existem castigo e nem recompensa, o que existe são consequências”, lembra o autor.
E a querida amiga Joana Neitsch Ioppi me lembrou no post da manhã sobre outra preciosidade ao contar que ela e a filha tinham chorado lendo um livro. Robô Selvagem, de Peter Brown, trata de assuntos necessários para todas as idades quando lida com olhos para “(..) aceitar as diferenças, ter tolerância, viver em comunidade, ter valores como lealdade e gratidão, chegar e partir da vida (…)”. Clarice, de pouco mais de 4 anos, precisou de despedir da amiga robô chamada Rozz e deu seu primeiro passo na transição.
As mães lêem livros e sentem juntas. Ajudam na alfabetização, incentivam o ótimo hábito de ler, seguram pelas mãos nas viagens por lugares inimagináveis. Ensinam a sonhar. E não só quando são pequenos, o fazem ao longo da vida ao abrir janelas. E aí surge o sentimento de gratidão por termos a oportunidade de estar sempre ao lado de quem é especial e a possibilidade de dizer todo dia, toda hora, “eu te amo”.