“São 2 horas da manhã e eu estou aqui vendo vídeos de militares que voltam pra casa de surpresa das suas missões. Missões no Afeganistão, no Iraque, no Kuwait, no Haiti (esses são os nossos!)
Eu sou a Jana Oliveira, mãe do EV 527 Custodio – 1° Pelotão Couraça do Grupamento Bravo, do Quartel General da 5° RM – 5° DE
E hoje esses vídeos que eu estava assistindo são muito especiais pra mim.
Hoje coloquei a Boina Verde Oliva no meu filho.
Hoje ele se tornou um soldado!
Havia conversado com a Aline, do Bizu de Mãe, sobre escrever um texto para o blog. Mas, diante dos acontecimentos de hoje, perdi o fio da meada sobre o que ia escrever.
E decidi escrever sobre ser a “mulher na vida de um militar”.
Não me importa qual sua “patente” na vida dele: mãe, avó, esposa, namorada, irmã, filha….. Ou se você é o “homem” nessa história: pai, avô, esposo, namorado, irmão, filho….
Estamos todos na mesma vibe: NÓS ESPERAMOS.
Nosso mundo muda de Azul ou Rosa para Verde Oliva. (Ou as cores de uma das outra forças, porque quem espera se sente igual do mesmo jeito)
Nossas expressões mudam. Nosso vocabulário muda.
E nós esperamos.
Esperamos a convocação.
Esperamos a aprovação.
Esperamos o internato.
Esperamos o campo (… sem nenhuma notícia.)
Contamos com qualquer tipo de informação da base – ínfimo que seja -, por cada sucesso ou deslize que eles nos contem.
Esperamos cada aceitação. Cada divertimento. Cada revolta.
Esperamos.
E aí chega o dia da Boina!
Ou o dia da formatura de toda e qualquer patente, porque, para nós, é sempre espera, não importa se seja recruta, cabo, sargento, tenente, oficial…..
Esperamos.
Mas vou falar da Boina Verde Oliva.
Da Boina que faz com que nossos garotos deixem de ser recrutas e virem soldados.
Demora para marcar o evento.
Quando marca, demora para chegar o dia.
E, quando chega, demora a acontecer o momento.
E, nesse caso de serviço militar obrigatório, a “mulher da vida deles” é, quase sempre, a mãe.
Nós vivemos uma vida civil antes disso.
E a Boina é a transição.
Ele não é mais ” meu garoto civil”
Ele é um militar.
E você se dá conta que isso está acontecendo há um tempo.
No início, em 1.º de agosto de 2019, um dos superiores disse que a “história de que eles entram garotos e saem homens, é balela”.
Eles entram homens e são lapidados.
Os bons homens saem melhores.
Os maus que se aprumem.
E hoje eu coloquei a Boina no meu “lapidado”
Vi nos olhos dele a ansiedade. A espera de ser aceito. De ser integrado.
A consciência e responsabilidade de um homem!
O Exército Brasileiro é uma instituição rígida, porém justa.
Eles aprendem isso quando entram.
E nós também.
Lucas diz que “um militar nunca está atrasado nem adiantado. Ele está sempre no horário.”
Hoje vesti a Boina e cumprimentei meu filho.
Fiz uma brincadeira de criança e encostei a ponta do meu nariz na do meu filho. E, como resposta, recebi um abraço.
Porque meu tempo passou e ele está no tempo dele.
E agora, como nos vídeos dos retornos surpresa, como na formatura de hoje, como na vida, um abraço é a coisa mais importante do mundo.
A nós, “mulheres de militares” cabe esperar.
Esperar esse abraço que diz CRESCI! Sou do mundo, mas caibo no seu abraço e você cabe no meu.
O slogan do Exército faz todo sentido agora: BRAÇO FORTE, MÃO AMIGA.
Eles, de recruta a general, são o braço forte e a mão amiga da nação. Mas nós, “mulheres” (e homens) desses militares, somos o abraço que traz a força pra esse braço e a amizade dessa mão. “
- O Bizu de Mãe agradece a Jana pela confiança e o carinho ao dividir sua experiência com o restante das mães de recrutas.
Aiii que lindooo, me emocionei com sua experiência, também sou mãe de um recruta, estou na ESPERA sempre . Que venha a boina verde oliva .
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