
Ontem eu recebi um presente de uma mãe que mora longe. Um verdadeiro diário de recruta escrito ao longo dessas últimas 18 semanas a quatro mãos. Desde julho, quando a Tânia Paranaíba, moradora de Campo Grande (MS) conheceu o Bizu de Mãe, tenho me acostumado a viajar, diariamente, em pensamento cerca de mil quilômetros para estar com ela e ouvir as aventuras e desventuras. Acompanhei tudo, e salve a tecnologia que aproxima e os recursos que acolhem quando a gente mais precisa de alguém que nos entenda! Entre os relatos dessa mãe que virou amiga, vou dar meus pitacos dos bastidores. Boa viagem!
*atualização: o filho engajou em 2020, e este ano concluiu o ensino médio, para a alegria dos pais.
Da seleção e recrutamento
“Férias escolares de julho: João cursando o terceiro ano do ensino médio, formatura sendo organizada, concursos de vestibular sendo planejados, o curso de psicologia escolhido. Meu filho estava se preparando para o ENEM. Por ser férias, resolvemos passar uns dias em São Paulo na casa de nossos afilhados. Não tínhamos ideia de como seria o final do ano com tanta programação para os concursos. Foi aí que João nos lembrou da data de apresentação no quartel. Uma semana de diversão em família, eu, Val e João voltamos para a apresentação no dia marcado.
Foram mais ou menos 15 dias indo todos os dias no período matutino para a seletiva. Tudo certo. O pai incentivando, e eu não muito. Pensava no vestibular e no derradeiro último ano escolar. Mas, sabia que a decisão tinha que partir do próprio João.
O sentimento que refletiu nas primeiras semanas nada mais foi do que encantamento. A estrutura do local, as histórias ouvidas dos mais antigos. E, de repente, vi o João assistindo vídeos do Exército e lendo reportagens sobre o alistamento obrigatório. Vou confessar que me assustou. Eu não estava preparada para aquele mundo completamente desconhecido.
No entanto, sempre tive Deus em minha vida. Entreguei a Ele, e naquele dia soube que teria que confiar.
Sou uma mãe curiosa e, enquanto ele assistia seus vídeos e buscava informações, eu fazia o mesmo. Sempre respeitei o espaço do João e não queria ficar perguntando e dando conselhos que interferisse na decisão do meu filho, mas não podia ficar às escuras.
Não vou mentir, li e assisti tudo que o Google me apontou a cada palavra de busca. Notícias que tinham fundamento e a grande maioria sem. Mentirosas – verdadeiros fakenews. E cada susto, partilhei com o Val que buscava me acalmar. “Não será ruim para ele” repetia, diante de letras que diziam “aqui o filho chora e a mãe não vê” ou “aqui o menino cresce e vira homem”. Como assim?
O período de seleção foi passando e a cada dia uma ansiedade tomando conta. Não precisava mais acordar o João que entrava no quartel às 5h30. Responsável, deixava separado o tênis limpo, diariamente, e a roupa. Nesses pequenos gestos, percebia que meu filho estava mudando. E, a cada retorno, corria para perguntar. “É aí? É sim ou não?”
A resposta sempre era a mesma: “Ainda não falaram nada”…. Nossa, não entendia aquele demora, e me atormentava porque as aulas tinham reiniciado e o João estava faltando.

Até que um dia ele chegou e se escondeu. Fui atrás, curiosa, e perguntei “Filho e aí?”. A minha frente surgiu a resposta. O cabelo quase raspado a zero. Uma cara de alegria, felicidade pura. Não me contive e cai em lágrimas em um misto de sentimentos de alegria e de medo. Meu filho sempre se mostrou muito maduro e compreendeu meu sentimento. Me abraçou e disse para ficar tranquila e confiar que tudo daria certo. O sentimento do pai não foi diferente. Alegre e orgulhoso, ele sabia que o filho estava tomando uma decisão que ele próprio tinha se esquivado ao ser dispensado do serviço militar.
Emoções à parte, muitas decisões deveriam ser tomadas nos próximos três dias de ingresso definitivo e internato. A única coisa que pedi para o João era que não parasse de estudar. João cursava o ensino médio integral quando foi aceito, e a solução foi pedir transferência para o curso noturno. Seguiu-se a despedida dos colegas de escola e de sala. Os colegas, professores e direção ficaram felizes com a decisão dele querer servir o Exército.
Internato

João chegou com uma lista que precisa levar para o período de internato, o tão esperado tempo que ficaria dentro do quartel sem nenhum contato com o mundo civil, o chamado período de adaptação ao mundo desconhecido. Preparamos tudo que a lista pedia, desde os produtos de higiene e roupas, até kit para engraxar o coturno. No domingo, meu filho precisou se apresentar no quartel no fim da tarde.
Chegou o dia 4 de agosto de 2019. Antes de sair de casa, conferimos tudo para ver se estava certo e seguimos para o destino que faria parte de nossas vidas por pelo menos um ano. Mas, se dependesse do João, seria por muito mais tempo! Da nossa casa ao quartel, a distância é de 9km, e nesse percurso, fomos os três conversando. Seriam 20 dias sem contato. Era a primeira separação de nossas vidas.
Chegando ao quartel, pensamos que seria possível descer e ajudar a levar a bolsa. Nos despedir … Foi nesse momento que minha ficha caiu literalmente. O quartel está localizado em uma via rápida e não é permitido estacionar. O local mais próximo estava fechado. Paramos para somente desembarcar, sem abraços… E, que sensação estranha.
Eu confesso que preferia que meu filho estivesse indo passar um ano estudando fora do que deixá-lo ali, daquela forma. Mas, parei e pensei mais uma vez que estaria sendo egoísta em pensar no que eu queria e não no que ele desejava. Eu vi meu filho descendo do carro com um olhar assustado – meio com medo – mas vi também uma vontade de enfrentar tudo aquilo sozinho. Ele foi e eu pedi que o Val ficasse dando voltas para observar.
Vi meninos chegando sozinhos de Uber e de ônibus. Pensei por qual motivo as famílias não estavam ali? Pensei se seria a mãe que sempre disse para o João que não seria. Sempre disse que João não seria “filhinho da mamãe” e que não seria possessiva. Mas, naquele momento o que simplesmente queria era vê-lo entrar. Nada mais. Eu e o Val voltamos para a casa mudos. Calados, em lágrimas. Quando entrei em casa pensei: hoje sou eu e ele. Sempre fomos nós. E agora?
Teríamos que nos reinventar, nos redescobrir. Mas quem disse que minha cabeça estava tranqüila? Eu precisava conversar com alguém que já tivesse vivido ou estivesse passando por aquilo que eu estava passando.
Acreditem, eu descobri que o amor que eu sinto pelo meu filho é muito, muito além do que imaginava; é difícil de explicar, mas posso dizer que é algo que mexe e transforma a gente.
Foi aí que encontrei a minha então amiga Aline do blog Bizu de Mãe. Estava trabalhando quando encontrei o blog e comecei a ler as postagens e não consegui parar. Fui até a postagem mais recente. Tinha encontrado alguém que vivenciava os mesmos sentimentos que os meus. Eu não era única!
No final da leitura peguei o contato dela e mandei meu agradecimento. Naquele tempo de procuras pela internet não tinha encontrado nada que me ajudasse e o blog foi de grande valia para acalentar meu coração. Sentei e mandei uma mensagem e ela, com muito carinho, me respondeu. Desse primeiro contato, nasceu uma amizade que vai além dos nossos recrutas, vai além do nosso Mundo Verde Oliva, porque descobrimos coincidências que nos aproximam muito.
E aí nesse período de internato, conversávamos todos os dias, porque a falta de notícias era sufocante. Mas, conversava com a Aline e ela me tranquilizava ….
Bizu de Mãe: nesse ponto, vou dar meu pitaco (risos). Nesse mês, meu filho estava há quase seis meses no quartel; o grupo de mães que seguiam no grupo do WhatsApp era de 28/29 mulheres na mesma condição. Foi uma grata surpresa e alegria quando a Tânia me enviou a mensagem. Na semana anterior, uma mãe do Rio Grande do Sul tinha curtido o Bizu de Mãe e enviado uma mensagem, curiosa sobre o trabalho. Foi um momento que eu percebi com alegria que estava tocando as pessoas. E eu queria mais. Ampliar a rede e ajudar muitas outras pessoas. A Tânia é uma amiga. Durante os dias que o João ficou no internato – e diferentemente do meu filho que não teve acesso ao celular, o João podia mandar uma mensagem em determinado horário da noite. E assim, fomos seguindo dia a dia, contando os que faltavam para que a mãe pudesse rever o filho. Aconselhava ela sair, continuar com a rotina e ficar tranquila. Tudo estava certo na caserna. E, muitas vezes me pegava pensando que naquele período eu era só. Eu, o Hugo e o Helcio que me aturavam, que me viam chorar e me deixavam quieta. E o relato da Tânia era tão meu, diante da sua experiência. Não queria que a Tânia passasse pelo mesmo que eu. Voltamos ao relato…

Era sexta-feira, e estávamos nos preparando para ir à missa quando eu, sentada na sala, e Val, no banho, ouvi o barulho do portão abrindo. Me assustei. A cachorrinha Hanna estava chorando – ela só faz assim quando somos nós – então, me levantei e fui ver. Nossa! Que emoção em escutar aquela voz rouca … O João estava ali, na minha frente. Me olhou e pediu os R$ 5 para completar o Uber. Nervosa, não encontrava a bolsa que estava no lugar de sempre porque não enxergava mais nada. Chamava o Val, que ainda estava no banheiro, e abraçava bem apertado meu menino. Ia olhando para ver se estava tudo no lugar, se estava machucado. Nada, ele estava lindo e perfeito como sempre. Só um pouco mais magro.
João entrou abrindo a geladeira. Tudo que via pela frente ia comendo. O bolinho de arroz de dois dias era um manjar porque há dia não sabia o que era comida de verdade. Foi o dia mais feliz da minha vida. Não fomos à igreja e pedimos pizza. Nesse tempinho, ele foi contando algumas coisas que tinha vivido nos 15 dias do internato. O quartel liberou antes por conta dos cortes de verba.
A partir daí, ele iniciou um expediente normal. Digo normal entre aspas porque tinha horário para entrar, mas nem sempre para sair. Por não ter horário certo par sair, a dificuldade de ir à escola começou a ser frequente. A sorte que por estar no quartel, tinha como fazer as provas em dias diferentes. Agora, o preparo era para a entrega da Boina Verde Oliva e o tão falado campo de exercícios.
Campo
Nesse período, levávamos e buscávamos João no quartel. Ele tem carteira de motorista, mas temos somente um carro. Por diversas vezes, enquanto o esperava, conheci algumas pessoas e suas histórias como a do sr. Chiru, avô de um soldado do mesmo pelotão do João. Homem simples que criou os três netos junto com a esposa. No olhar e nas palavras dava para perceber o carinho e amor pelos netos. Também serviu ao Exército como motorista e esperava que o neto aproveitasse cada momento e cada oportunidade.
Algumas vezes, o João ia à loja de artigos militantes, e eu – nada curiosa -entrava para olhar os acessórios. Para mim, um mundo que jamais imaginava entrar e que estava encantada. Mas, cuidava para ser discreta (risos). Sempre procurei não me intrometer quando ele estava com os amigos. Conheci o canga do meu filho, àquele é companheiro de atividades, um quase irmão.
Foi nessa mesma loja que pude presenciar um dos momentos mais de expectativa desses meninos-homens, quando eles precisavam montar o tal kit do campo, usado para a sobrevivência.

Nós preferimos comprar os artigos da lista e montar os kits; outros, compraram os kits prontos. João ficou, também, encarregado de fazer todos os números de identificação da tropa. Foram quase 200 identificações.
E o Dia do Campo estava chegando. Por coincidência, eu e Val íamos trabalhar no retiro da igreja e a nossa ida seria no mesmo dia do retorno dele. Bateu aquele desespero. Avisei na igreja que precisávamos ver o nosso filho retornar do campo. Sugeri até que pudéssemos chegar mais tarde naquela sexta. E entreguei na mão de Deus. Queríamos muito servir, porém jamais deixaria de buscar meu filho no retorno de uma atividade tão importante para ele e para nós depois de cinco dias. E Deus preparou tudo. Naquele mesmo dia, João me disse que o campo tinha sido adiado devido a visita do Comandante Geral do Exército.
Ufa, Deus queria eu e Val servindo naquele retiro, porque Ele queria cada vez nos lapidar para conduzir nossa família e a assim foi, porque confesso que meu coração estava na mão do temido campo. Passado uma semana, João chegou com a nova data de 30/09/2019.

No domingo dia 29/09 fizemos um checklist e conferimos tudo que tinha que levar. Sabendo que os pés eram os que mais sofreriam naqueles próximos dias, preparei água com sal e muita água benta, que sempre tenho em casa, coloquei algumas gotas de óleo essenciais e pedi para que colocasse os pés e ficasse tranquilo. Por orientação da Aline, resolvemos enfaixar todo o pé com micropore, dedinho por dedinho para ajudar a combater a umidade e proteger do atrito com o coturno. Deu muito certo.
Mais uma vez, estávamos lançando nosso pequeno menino ao seu voo onde estaria em situações inimagináveis nos próximos cinco dias de Campo na região de Miranda, no Campo Betione. Mais uma vez curiosa, pesquisei sobre a região. Descobri que a região tem bastante mosquitos (pernilongos), e estava tendo focos de incêndio. Muito repelente!

Dessa vez, entramos no estacionamento e assim pudemos nos despedir e ver ele cruzando os portões do quartel. Queria registrar esse momento, então tirei uma foto que saiu trêmula, da mesma forma que estavam minhas mão, minhas pernas e meu coração.
Então mais uma vez eu e Val voltamos para casa em silêncio. Mas, estava bem mais tranquila do que da outra vez. Confiava no João e sabia que seria importante para ele aquele desafio. Acredito que o sofrimento era mais nosso do que dele.
Então nos dias de campo, eu tentei não pensar muito em coisas ruins, porque eu precisava mandar para ele todo pensamento bom, alegria, força, e muita, muita oração.

Na metade da semana, quarta-feira, Val estava ansioso e eu também. Resolvemos ir dormir na chácara com meus sogros. E foi muito bom acordar em meio à natureza, olhar o nascer do sol, que por sinal estava lindo, e ali fazer minhas orações e pedir a Deus que estivesse lá com o João sustentando, fortalecendo, segurando na mão dele, carregando meu filho nos braços. Eu tinha certeza de que Deus esteve ao lado do meu filho durante todo aquele período.
Na quinta, ligamos no quartel para saber o horário da chegada do João porque queria deixar tudo pronto e estar lá, de prontidão para dar aquele abraço apertado. Nos informaram que o grupo deveria chegar por volta das 11h.
Na sexta, organizei tudo. Fiz uma deliciosa lasanha que ele gosta; deixei o quarto arrumado com roupas de camas e toalhas limpas. Tudo cheiroso. Quando chegou às 10h, fui para o quartel. Mas, antes passei no McDonalds para pegar o lanche preferido dele; e um tererê gelado. Ia estar com fome, com certeza!
Cheguei e não tinha nenhum carro. Fui até a recepção e me informaram que a previsão de chegada das viaturas continuava sendo por volta das 11h.

O movimento estava mais intenso naquele dia, porque na sexta geralmente é meio expediente. Eram veículos chegando, de todos os tipos, caminhão pipa, caminhão de transporte, carros oficiais, ambulâncias, enfim, as horas se passaram e nada deles chegarem. Liguei para a Aline para conversarmos para passar o tempo e reduzir minha ansiedade. E nós duas estranhando por não ter nenhum pai por ali.
Quando voltei à recepção, encontrei um casal e duas mães. Dona Suely e o esposo, um casal humilde e simpático. Que doçura ao falar do filho! Estavam à espera desde as sete da manhã pois tinham passado a informação que chegariam a partir daquele horário, e como precisavam vir de ônibus, o melhor era esperar.
No entanto, era 13h e nada de nossos meninos. De repente, em meio a uma pancada de chuva avistamos o comboio. Que emoção ao ver os caminhões parados no semáforo. Podíamos escutar eles cantando e sentir a vibração desses meninos, com os rostos sujos de barro, cansados. Mas a vibração contagiava quem estivesse assistindo.
Não fomos autorizados a entrar no quartel, mas fomos informados que eles teriam que ajudar a descarregar e organizar os suprimentos, e que só seriam liberados por volta das 16h. Pensei em levar a dona Suely e o marido para minha casa e retornarmos no horário combinado, mas outras duas mães – que moravam no mesmo bairro – os levaram antes.
Bizu de Mãe: desde o inicio da manhã acompanhei a trajetória da Tânia, passo a passo. Trocamos áudios, fizemos videoweb, recebi fotos da chegada dela ao quartel. Na terça, ela tinha me dito que havia a possibilidade de chover. Avisei que seria péssimo para os soldados caso uma chuva caísse naquele momento do campo. Bora lá pedir para São Pedro adiar a abertura das comportas (risos) e assim foi dia a dia perguntando: “Tá chovendo aí?”. Quando a Tânia me disse que estava vendo o comboio chegar por volta do meio dia, suspirei que agora podia chover o quanto fosse necessário para lavar a alma. E dito e feito. Choveu e ela me contou na hora que os pingos grossos viraram chuvarada. Chorei ao me lembrar da emoção que foi o dia da espera do meu filho e de quantas simpatias tinha feito para não chover naqueles dias. Diante do que me disse que eles iriam demorar para sair, alertei a Tânia de que o melhor era esperar e ter paciência. Pela distância, não sabia se compensava ela sair correndo para casa para ter que voltar a qualquer momento. E, bingo! A história se configurou como tinha imaginado.
Mal coloquei o pé em casa, João me ligou avisando que iam ser liberados. Avisei o Val e fomos. Ansiosa, só sabia repetir para o Val andar mais rápido. E deu tempo, quando chegamos encontramos finalmente outras famílias.
Pelas grades do quartel, avistamos todos eles em forma, com as mochilas. Corremos para o portão, e um por um os soldados iam saindo em formação. Então vimos o João. Meu Deus, como estava magro, bronzeado do sol. Dei um abraço, olhei para ver se estava machucado, e ajudei a carregar aquelas sacolas pesadas. Nossa, que alegria em poder ver meu filho. Apesar de cansado, sujo, magro, João estava feliz.
Foi um resto de tarde com partilha de alegrias e dificuldades. Contou-nos que não foi fácil mas foram dias de experiências únicas. Jamais tinha pensado que viveria. Foi além da força física, com momentos de dor do limite muscular, mas que superou. E por nossa parte ao ouvir aquilo, foi só orgulho do nosso pequeno e agora grande guerreiro.
A entrega da Boina Verde Oliva
Passados alguns dias, chegou o dia de sua formatura, finalização daquela etapa inicial de aprendizado e superação. Agora o recruta se tornaria o SD. Paranaíba.

Dia 18 de outubro, às 10 horas pelo fuso horário da região, era para estarmos no quartel para participar da cerimônia. Chegamos às 9 horas.
Pegamos, ainda, o final do ensaio. João sério, muito concentrado, exercendo todos os comandos. Era o primeiro da fileira e conseguimos sentar bem de frente. Mas, em nenhum momento seu olhar fixou em nós. Quando o grupo voltou para o alojamento, os padrinhos foram orientados a se dirigirem até os sargentos para pegar a boina que seria entregue ao soldado. Decidimos que eu e Val iríamos entregar a boina, juntos. Reencontrei a dona Suely, a namorada de um dos colegas do meu filho e outras mães que tinha visto no outro dia.
Que emoção em receber aquela boina por todo significado que tinha na história de vida do João. Sabia que a partir daquele momento, meu filho iria viver grandes momentos dentro do Exército. Momentos que não seriam fáceis, mas sempre confiante de que tudo tem um propósito, e para isso precisávamos ter muita sabedoria.
Iniciada a cerimônia, ouvimos de um dos militares a Oração do Soldado. Escutamos que nossos filhos só estavam ali por mérito deles próprios e que agora começaria uma nova etapa dentro do período obrigatório.
A banda tocou e fomos convidados a sair de nosso lugar e ir até os nossos meninos colocar a tão cobiçada boina. Desci a escada correndo e fui ao encontro do João. Ao olhar o rosto do meu filho, não contive minhas lagrimas, porque estava coroando aquele momento. Eu e Val o abraçamos. “Agora é com você, mas saiba que em todos os momentos de dor e de alegria estaremos aqui.” O mais triste foi olhar para os lados e perceber muitos soldados sem alguém da família. Minha vontade era ir lá abraçar cada um e parabenizá-los. No entanto, quem fez o papel do padrinho eram os sargentos designados para a função.


Aprendi que o quartel é um ambiente onde tudo é vivido dia a dia; não podemos criar expectativas, porque não sabemos o que vai acontecer. O que nos resta é acreditar que tudo é mérito de cada um deles e cada soldado vai escrever uma história incrível. Mesmo àqueles que não queriam estar ali, um dia poderão contar a seus filhos e netos como foi servir ao Exército Brasileiro e a Pátria.
Então assim foi finalizada a cerimônia, com elogio do Comandante ao João, com a possibilidade de conhecer outros soldados que vão conviver com meu filho, mas a certeza de que uma nova fase está se iniciando.
Nossa que alegria poder partilhar esses momentos com todas as Mães e Famílias do Bizu de Mãe!!!
Parabéns a Aline pelo belo Trabalho, ainda vamos ter muitos momentos para Partilhar!!!
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Obrigada a vocês!
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Linda história!
Me emocionei muito porque esse ano 2020 meu filho está servindo o exército . Somos do ES ele serve no 38° Batalhão de infantaria em Vila Velha Es. Moro no interior quase 240km distante e para mim é um misto de orgulho e sofrimento!
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Que bom, Sandra. Continue nos acompanhando. Se quiser entrar no grupo do Whatsapp só chamar.
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