
… apenas para as mães que tiveram filhos nos quartéis, em 2019. E #maedeumrecruta e o #bizudemae estiveram ao lado de muitas daqui e de outras de outros estados. Sim, ultrapassamos limites territoriais.

Com uma trajetória tão intensa, é claro que não podia deixar de fazer o último registro do ano. Afinal, dez meses parecerem intermináveis quando o assunto dizia respeito a sentimentos.
Os primeiros passos iniciaram nos muros dos quarteis. Do lado de fora. Mas, antes a vontade de compartilhar, de entender esse fenômeno mãexquartelxrecruta e filho alçando seus primeiros voos foi mais forte para quem está acostumada a observar e retratar a realidade. Ah, e como foi tudo tão intenso…
Diz a regra que o mês de março, daqueles que entraram em 2019, é o período de fechamento aos 12 meses regulamentares do serviço militar obrigatório. No entanto, as primeiras baixas podem ser antecipadas para janeiro. E antes que as despedidas comecem deixamos à solta o pensamento e as emoções vividas nessa roda gigante que não parava nunca! (Risos)
Não vou relembrar pontualmente os fatos vivenciados em 2019, neste momento. Tem uma apresentação que finalizei para publicar dia 10 de janeiro.
Mas, como missão dada é missão cumprida, as mães dos nossos recrutas fizeram questão de deixar seus relatos de como foi viver essa experiência nova, desconhecida e fascinante. Para ambos os lados. Tanto para os que estiveram do lado de dentro dos muros, quanto para àquelas que torceram em silêncio, rezaram pedindo proteção para o seu e para os filhos alheios, vibraram com as vitórias, sofreram com as derrotas, injustiças e o inexplicável, aprenderam a cada dia com a ida e a vinda do seu soldado fardado. E mais do que tudo, acompanharam todas as mudanças que vieram no pacote do Mundo Verde.

Acompanhei de perto mais de 30 mães, neste período. Fora aquelas que seguiram os canais das redes sociais. Praticamente 100% chegaram até mim com muitas dúvidas. E, conforme a demanda, contei com ajuda dos militares de cada unidade. Mas, no geral eram situações que o apoio entre as integrantes do grupo fez a diferença. Foi adorável… foi enriquecedor … foi desafiador a cada pedido e a cada resultado positivo porque ampliamos caminhos e ajudamos a carregar o fardo.
Temos um diário de registro, escrito por algumas mães participativas, que pontuaram a importância de estar no grupo. Mas, o que quero compartilhar hoje, no último dia do ano de 2019, são alguns depoimentos de mães de recrutas. Para as novas mães de 2020, um pouco do muito que significou essa experiência.

Rosimere, mãe do Soldado Guilherme
“Como mãe de um soldado, muitas dúvidas com o ano terminando. Não sei se ele enganja ou sai, mas só posso dizer que nesses meses foi uma experiência. Jamais pensei que meu filho ia servir, mas a vida é cheia de surpresas. Confesso que no dia 8 de março foi o que mais me marcou ao vê-lo entrando no patio do quartel, vestido de camiseta branca. Eu desmontei de muita tristeza e aí “o deixa pra lá”, só Deus sabe quanta dor senti durante a espera do internato. Mas os dias foram passando até chegar o dia que ele voltou. Mas logo veio o campo, e quantas mãe na beira do muro! Foi aí que a Aline me perguntou: “você também está esperando o seu filho?” Ela me contou que estava montando um grupo das mãe dos recrutas e se podia me colocar na lista. Eu disse sim. Que pena que não foi antes porque nesse grupo aprendi muito e também vi muita dor, mas muita alegria. Cada uma deu sua opinião; eu ouvi muitas coisas boas e também muitas coisas tristes, mas é assim nossa vida. Se tivesse entrado desde o início seria mais fácil de suportar o vazio que ficou quando nossos filhos foram para dentro do quartel. Sou grata, primeiro a Deus e por todas as mães do grupo desse mundo verde. Aprendi muito, sofri e hoje sou muito feliz por tudo o que já passei. Com certeza, de alguma forma, também ajudei alguém passar por tudo isso.”
Mônica, mãe do Soldado Cerqueira
“Início do ano de 2019 foi de expectativa e ansiedade para nós, mães, com relação a entrada do filho no quartel. No primeiro mês foi muito tenso, correria pra comprar o enxoval. Em seguida, a despedida para o internato. Filho único, nunca dormiu fora de casa. Foi muito difícil a separação tanto pra mim quanto pra ele. Mas, enfim tudo passou…
Foi de grande valia o grupo, pois percebi que eu não estava sozinha nessa empreitada (risos). Gostaria de de ter conhecido as mães do grupo, desde o primeiro dia. Sei que sofreria menos.
Desejo de que cada menino tenha sucesso em sua vida, e que o quartel seja uma ponte para todas as suas realizações.
Estou feliz e realizada por ter cumprido junto com ele essa missão, e ajudá-lo a realizar um sonho que era servir a Pátria.
Que Deus abençoe a todos mães, filhos e família com muita luz em nossos caminhos.”
Cida, mãe do Soldado Camara
“Neste ano que passou, começou com o nome do meu Thiago da Silva Camara para servir ao seu país. Entre alegrias e medos do que viria, não foi fácil. Primeira semana do internato, o primeiro encontro com ele desfilando e marchando. Não tem preço aquele abraço e lágrimas depois de uma semana. Só tenho a agradecer a cada amiga e posso dizer irmãs do grupo, que compartilharam medos, vitórias, o dia a dia de nossos filhos. Vejo meu filho mais forte, maduro, incorpado, mudou a mente e ações. Que possamos continuar nossa jornada e se possível amigas para sempre.”
Flávia, mãe do Soldado Lucas
” (…) que ano!!!! Sou uma mãe distante (moro no Rio de Janeiro) e muito pouco pude vivenciar de perto a rotina do meu filho no quartel. Consegui estar presente na volta do campo, onde conheci a Aline, as filhas da Camila na beira do muro e tive a oportunidade de entrar pro grupo. Foi esse espaço que me deixou mais próxima do meu filho, que fiquei sabendo de muitas coisas que não saberia sem as informações compartilhadas. Com as mães do grupo, pude me sentir pertinho dele. Também pude estar na formatura, e que dia corrido e emocionante! Que 2020 possa ser um ano maravilhoso e de muitas realizações para todas nós, nossos filhotes e toda a família.”
Ana Paula, mãe Soldado Bonatto
Foi uma experiência duplamente sofrida. Ver meu filho depois do internato foi uma emoção. No meio do caminho ele sofreu um acidente de moto. Ele voltou para mim e muitas coisas mudaram. Ele vai sair mas vai tentar os concursos. Através do grupo, fiquei sabendo de muita coisa. Que o grupo persista para ajudar outras mães assim como é importante uma apoiando a outra, junras, somos mais fortes.”
Geralda, mãe do Soldado Kainan
” (…) eu como mãe de um recruta distante só tenho agradecer pelo apoio de todas e (…) principalmente de algumas maes que conhece meu filho pessoalmente e que muitas vezes deram um abraço nele que eu queria dar, mas a distância nos impedia. Quantas noites antes de entrar no grupo passei sem dormir, preocupada, pensando no que poderia estar acontecendo com meu filho. Gracas ao grupo me tranquilizei, pois eu via que não era só eu que estava passando por isso. Acompanhei quase toda a programação deles no quartel, enfim, construi uma familia online. Foi graças a esse grupo que consegui ir até a formatura e abraçar meu fiho. Meu muito obrigada! Que o Menino Jesus abençoe a todos com muita saúde e paz. Um beijo no coração de cada uma de vocês. 🙏🙏💋
Camila, mãe do Soldado Lucas Netto
“Primeiramente quero agradecer a Deus que tem me ajudado e ao meu soldado, conhecido como Netto, o 734. O Senhor tem guardado o Lucas e o sustentado até o dia de hoje. Esse período foi bem difícil para mim. Meu filho nunca saiu de dentro de casa. Desde o dia que ele se alistou e veio carequinha para casa, minha ficha não tinha caído. Meu filho tinha sido selecionado para servir. E ali meu coração e meu cordão umbilical foi sendo cortado aos pouquinhos… levei a roupa dele para minha mãe porque o quartel era perto… E ali meu coração foi doendo até o dia que o levei para o dia do internato. Ele nunca tido ido morar longe de mim. Período difícil para mim é acredito que para todas nós. O período do internato me fez chorar muito, sofri demais. Como mães sabemos que amamos nossos filhos imensuravelmente e e só quando eles naobrsta perto da gente, não tem mais aquele controle, não sabe o que está acontecendo, você tenta dimensionar o tamanho desse amor. Cada uma ama pra caramba seus filhos. Eu ia conversar com Deus e só chorava. Não conseguia. E na volta do campo, minhas meninas tiveram o primeiro contato com a Aline, no muro; conheceram o Adiel, marido da Adriana, a Lu. Foi ali que pudemos dividir nossas angústias, tristezas, medos, e vi que não estava só, cada um a sua maneira. Todas sofreram, em silêncio, outras não. Ele saiu para servir era um desejo do meu coração … coloquei gasolina nos sonhos dele. Passamos por momentos difíceis com a perda de alguns soldados, mas tivemos apoio uma das outras. Um ano que foi difícil, mas o Senhor me sustentou. Nunca imaginei que ia acontecer tantas coisas. Que eu ia me endurecer com coisas do quartel. Imaginava uma coisa e era outra. Foram muitos sentimentos. Tive muito orgulho a cada formatura, em cada atitude. O Lucas teve muito crescimento lá dentro. Tem seus altos e baixos . Estamos finalizando mais um ciclo. No dia 10 ele está fechando mais um ciclo e sei que é da vontade de Senhor. E eu como mãe, como abençoei meu filho. Sou grata por esses dez meses. Louvo a Deus por te-lo livrado de muitas coisas. Eles aprenderam a importância da família. Apreenderam isso quando chegaram em casa e receber um abraço. Imagina as mães que os filhos são laranjeiras. Ficar tanto tempo longe. Mas vencemos mães! Essa missão é dolorida, mas é linda. (…) “
Luciane, mãe do Sd Salles
“Sofri muito, mas muito. Só Deus sabe como foi difícil esses dias que meu filho esteve no quartel. Mas, depois que enteei no grupo Mães de Recruta, vi que não era só eu que sofria, mas todas as mães. Foi quando comecei a me fortalecer sabendo que eu não estava sozinha. Juntas somos mais fortes. “